As Metas são Realizáveis

Estou vivendo uma das fases mais difíceis de treinamento. Não são os treinos mais sofridos, mas é difícil por significar uma fase única na minha carreira, na minha vida.

Para tudo o que se faz na vida, o público espera o melhor. Não é suficiente dizer que você é um ou uma atleta; as pessoas não vão considerá-lo desta forma se você não o puder provar no pódio.

Manter-se estável é quase sinônimo de regredir. Se você não superar-se constantemente, diminuindo o tempo da sua corrida a cada competição, as pessoas entendem que acabou para você. Essa visão estreita pode acabar com sonhos de uma vida inteira se não relembrarmos dos propósitos nobres do esporte.

Depois de muitos anos após ter vislumbrado uma bela carreira no atletismo, eu não senti o sabor de viver todo o grande sonho que encheu meu coração quando eu descobri que poderia sim correr tão bem como eu sempre desejei. Nada que eu já havia experimentado foi tão forte, tão emocionante, tão difícil de alcançar e tão alcançável como correr.

Certos dias correr vai parecer uma utopia porque você poderá se sentir tão longe das suas metas que, por mais treinamento que você execute, não parecerá suficiente. Haverá dias em que a corrida vai representar um sentimento surreal: uma corrida perfeita e diferente de qualquer outra corrida que você já tenha feito – esses dias costumam permanecer na memória para sempre...

Há dias em que você vai sentir como se estivesse patinando. Vai correr, cansar, entrar em exaustão e notar que não saiu do lugar. Ninguém se sente feliz em trabalhar em vão. Mas eu te digo: não tem como se esforçar e não chegar a lugar algum. Alguma coisa maravilhosa você há de alcançar com seus esforços. Não me pergunte o que, pois depende das suas intenções, dos desejos do seu coração, dos seus propósitos, da confiança que você tem em Deus.

Imagine se tudo quanto a gente desejasse, se realizasse num piscar de olhos. Não tenho dúvidas, nós acharíamos reclamações a fazer. As metas são realizáveis em todas as circunstâncias.

Por alguns anos eu me julguei incapaz de correr novamente. Todos os dias eu tentava fazer o melhor treino da minha vida, mas os dias se passavam, os treinos também se iam e eu conseguia alcançar, quem sabe, metade do treino.

As dores eram terríveis. As cólicas abdominais cresciam conforme eu aumentava o ritmo da corrida. Por três anos eu não pude fazer mais do que tentar correr. Nos dias em que eu corria por 5 minutos e logo mal podia caminhar eram os piores. Me faziam pensar se ia valer a pena dedicar tempo para sofrer. Eu sei a dimensão do sofrimento na busca daquilo que eu insistia cegamente, mas eu não poderia medir o tamanho da minha vontade.

Hoje eu estou livre das dores. No entanto, descobri algo surpreendente ao me libertar daquele sofrimento: sempre haverá algo para tentar nos impedir de fazer o que gostamos ou realizar projetos de vida. Eu ganhei novos desafios ao ter vencido o desafio de sarar das cólicas. Nada tão grandioso me causava tanta dor todos os dias – foi uma simples intolerância a lactose que me afastou por longos 4 anos das metas que eu tinha programado para mim. Hoje em dia não consumo leite e seus derivados, inclusive sorvete. Para algumas pessoas significa tortura, para mim, significa a maior alegria descoberta recentemente: treinar no lugar de consumir os produtos da vaquinha.

Eu sinto que estou atrasada, quatro anos depois eu estou de volta, e consequentemente tenho que correr atrás do prejuízo. Muitas vezes os prejuízos vão parecer que são quenianos, e você poderá pensar que jamais poderá alcança-los. Mas eu sei, há um tempo para tudo, há um porquê.

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